Renovando a sua dose diária de crítica gratuita à governação do PS, o PSD optou, desta feita, por interpretar de forma abusiva as recentes declarações do diretor-geral de Reinserção e Serviços Prisionais apenas para poder chegar de novo ao Governo Regional, a quem culpa de tudo.
A partir de uma notícia que dava conta de uma solução provisória para fazer face à situação de sobrelotação do Estabelecimento Prisional de Ponta Delgada, aproveitando a sublotação do Estabelecimento Prisional de Angra do Heroísmo, o PSD Açores não só decretou um “novo atraso” no processo de construção de uma nova cadeia em S. Miguel como atribuiu o papel de cúmplice silencioso ao Governo Regional.
Parece que o PSD Açores prefere que os reclusos de S. Miguel continuem detidos num espaço sobrelotado e sem as necessárias condições, mesmo havendo uma alternativa temporária, só para poder ir criticando o Governo Regional enquanto o novo estabelecimento prisional não estiver construído.
É do conhecimento público que o processo relativo à construção de um novo estabelecimento prisional em S. Miguel tem decorrido de forma insatisfatória desde há longo tempo, com governos da República do PS, como com governos da República do PSD e do CDS-PP, tal é a urgência colocada pela situação insustentável em que vivem os reclusos.
Também é público e notório que, ao contrário do que aconteceu nos quatro anos e meio de governação de Passos Coelho e Portas na República, o processo tem conhecido avanços concretos no atual mandato do Governo da República do PS, existindo já um terreno cedido pela Região para o efeito e um compromisso político concreto de início da empreitada.
O PS Açores partilha da preocupação e urgência de todos aqueles que pretendem ver concretizada, sem margem para dúvidas, esta justa aspiração da Região e resolvida, de uma vez por todos, a situação indigna em que vivem os reclusos da ilha de S. Miguel, mas não confunde essa pretensão maior com (mais) um pequeno caso de guerrilha partidária ou de má consciência política. É muito mais importante do que isso. Para nós, os reclusos não são um instrumento de arremesso político, são as primeiras vítimas dos atrasos e das dificuldades deste processo.
Igualmente incompreensível é que, para atacar os governantes socialistas, o PSD desvalorize iniciativas que vão garantir a reintegração social e profissional dos reclusos açorianos e que foram escolhidas no Orçamento Participativo de Portugal.
Infelizmente, vivemos na Região um clima político marcado por um descontrolo absoluto e por uma total falta de sentido de responsabilidade por parte do maior partido da oposição, que começa a assumir contornos preocupantes.
O atual PSD Açores acha que as causas regionais são meros pretextos para a sua saga oposicionista. Perdeu a noção de que há assuntos maiores do que a sua ânsia de deitar abaixo a governação do PS.